Breve História de Tarouca:
A história da cidade de Tarouca, como, aliás, de todo o Concelho, não deixa dúvidas quanto à sua importância no contexto regional e mesmo nacional.
Tarouca teve uma preponderância fora do comum ao longo da Idade Média com relevo nos alvores da fundação da nacionalidade. Nesse período Tarouca foi cabeça de um distrito que atingia os rios Paiva e Távora, absorvendo, após o século XI, as Terras de Caria.
A primeira referência escrita a Tarouca reporta-se ao séc. VI. Tarouca era, então, uma das seis paróquias da Diocese de Lamego, ocupando uma vasta área que se estendia até ao Rio Paiva.
Em 1057 o seu castelo foi definitivamente conquistado aos mouros por Fernando Magno, Rei de Leão.
O início da nacionalidade está intimamente ligado a Tarouca, quer pelo nosso primeiro rei, cuja figura está associada à construção do Mosteiro de S. João de Tarouca, quer ainda por Egas Moniz que foi Senhor da Honra de Dalvares e cuja esposa, Dona Teresa Afonso, mandou erigir o Convento de Santa Maria de Salzedas. Paio Cortês, monteiro-mor de D. Afonso Henriques, foi Senhor da Honra de Gouviães.
Em 1140 iniciaram-se as obras do que viria a ser o primeiro mosteiro da Ordem de Cister em Portugal: São João de Tarouca. De 1163 data o primeiro documento que referencia a Igreja de São Pedro de Tarouca como abadia uma das primeiras igrejas de Riba Douro. Este vetusto templo românico-gótico está situado no coração da vila, situando-se, em seu redor, o centro histórico de Tarouca, recentemente requalificado. Em 1168 iniciou-se a fundação do Mosteiro de Salzedas. Passado um ano, seria a sagração da Igreja de São João de Tarouca, estando, então, presentes os Bispos de Lamego, Porto e Viseu. No ano de 1227 surgiu a notícia da nomeação de Soeiro Bezerra como «Tenente Taraucam». Em 1262, D. Afonso III concedeu Carta de Foro a Tarouca, com a designação de Castro-Rei. Contudo, este nome não subsistiria mais de uma centena de anos, pois em 1364, surgiram novamente referências, com o nome de Tarouca. Em 1297, D. Dinis fez a doação da Igreja de S. Pedro de Tarouca ao Mosteiro de Salzedas. Em 1354, deu-se a morte de D. Pedro Afonso, Conde de Barcelos, que havia sido Senhor das Terras de Tarouca e da Honra de Várzea da Serra, sendo sepultado em S João de Tarouca, no que é o maior sarcófago granítico de Portugal. Várzea da Serra foi também uma das poucas Beetrias existentes no país. Em 1401, o Rei D. João I doou as terras de Tarouca a seu filho o Infante D. Henrique. Em 1499, o Rei D. Manuel nomeou D. João de Meneses 1.º Conde de Tarouca. Em 1514, o mesmo rei outorgou novo Foral à Vila de Tarouca. Em 1557, o Rei D. Sebastião confirmou o Senhorio de Tarouca a D. Duarte de Meneses que foi Vice-Rei das índias. Em 1710, D. João Gomes da Silva, 4.º Conde de Tarouca, representou Portugal no Tratado de Utreque, como Ministro Plenipotenciário. O concelho de Tarouca foi sede de um julgado com juiz ordinário e, por alvará de 27 de Fevereiro de 1801, foi elevado a distrito de Vara Branca, com jurisdição no crime, no cível e órfãos, em vários dos concelhos vizinhos, estatuto que conservou até 1834, ano em que foram dissolvidos os Mosteiros de S. João de Tarouca e de Salzedas. Nesse mesmo ano o concelho de Várzea da Serra foi suprimido. Em 1836 deu-se a extinção do concelho de Ucanha que passou a incorporar-se no de Mondim da Beira. Curioso, sem dúvida, o modo como se processou esta dissolução, pois resultou de uma decisão conjunta do clero, nobreza e do povo, portanto, a seu pedido, o que era deveras invulgar.
Em 1896 foi a vez dos Concelhos de Mondim da Beira e de Tarouca serem extintos. Refira-se que, nessa data, o Concelho de Tarouca compreendia ainda as freguesias de Ferreirim, Lazarim, Lalim e Meijinhos, que hoje pertencem ao concelho de Lamego.
No dia 13 de Janeiro de 1898 deu-se a restauração do Concelho de Tarouca com as suas actuais dez freguesias: Dalvares, Gouviães, Granja Nova, Mondim da Beira, Salzedas, S; João de Tarouca, Tarouca, Ucanha, Vila Chã da Beira e Várzea da Serra.